Bree nasceu sabendo que não seria uma filha amada. Bem, óbvio que não literalmente, mas se tivesse idade para pensar sobre o assunto, sabia que chegaria a essa conclusão. Sua ascendência vinha da nobreza, Beesbury pelo lado materno e Redwyne pelo paterno. Mas na inexistência de um casamento, restou-lhe somente o sobrenome Flowers. A mãe, Elidora Beesbury, caiu ainda muito jovem nos encantos do segundo filho de Lord Ryam Redwyne, e acabou engravidando. A criança nasceu com a saúde perfeita, mas a mãe sucumbiu ao esforço do parto e morreu. Como o tio, o então Lord Beesbury, não possuía interesse em criá-la, foi enviada a Árvore, onde viveria sob os cuidados de seu avô paterno.

O pai estava prometido a outra dama da nobreza, mas mesmo assim, o avô não poderia deixá-la à própria sorte. Lord Ryam ordenou que o bebê fosse criado nos arredores de seu castelo, ao alcance de suas vistas. Era mais do que a criança poderia sonhar. Tinha a proteção do avô, embora não tivesse seu nome. Não teve qualquer contado com o pai até completar doze anos, quando conheceu o interior do castelo dos Redwyne pela primeira vez. Passou a viver mais próxima ao avô, mas de forma discreta, nunca partilhando a mesa com o pai ou com os parentes legítimos.

Aubree cresceu saudável e inteligente, mostrando-se mais perspicaz e útil que a maioria das mocinhas de sua idade. Quando Lord Ryam morreu, recebeu a notícia com tristeza e preocupação. A Casa Redwyne logo teria outro Lord, e não era certo que as suas despesas continuassem sendo custeadas por ele. Possuía nessa época posses modestas, angariadas ao passar dos anos com a venda de alguns presentes extravagantes dados pelo avô. As coisas seguiram tranquilas por um tempo, mas logo Bree viu seus recursos diminuírem pouco a pouco. Não saberia dizer se o seu tio estava ciente de sua existência ou se simplesmente não se importava com sua origem. Fato era que a certa altura ela mesma parou de se importar. Deixou te der damas de companhia como as tias, foi transferida para um quarto menor, e sabia que as visitas das costureiras seriam cada dia mais raras. Não pretendia procurar abrigo em Bosquemel, então teve de pensar depressa.

Deixou a Árvore muito jovem. Com a boa educação que havia recebido, prestou serviços variados durante suas andanças, especialmente como intendente. Soubera aproveitar seu tempo junto aos Redwyne para conquistar algum destaque. Sua simpatia e a menção aos seus verdadeiros pais lhe rendeu amigos em quase todas as casas da Campina, e não tardou para que seu bom trabalho junto aos Crane chamasse a atenção dos Tyrell. Era jovem, articulada, inteligente e sedutora, e isso agradava muito. Foi acolhida então como Castelã de Highgarden, uma oportunidade brilhante que ela jamais desonraria.