Ambiciosa, violenta, inteligente, sagaz e uma ótima estrategista. A Lady de Velha Wyk é uma mulher de muita ambição e muitos segredos. Jamais foi criada a sombra do irmão, mas como uma igual a ele, ou quase isso. Asha desde cedo demonstrou um talento nato para a luta, para o militarismo e navegação, até mais do que seu irmão.  Não é uma pessoa de personalidade dócil, muito pelo contrário, sua paciência é curta e não faz muita questão do uso de gentilezas. Tem a educação de uma nobre, mas seu orgulho muitas vezes a torna prepotente e arrogante. A ironia e o cinismo são constantes em suas palavras e não possui compaixão por quem a desacata. Temida por muitos, dizem que seu desempenho com uma espada é louvável, comparando-se aos melhores guerreiros Nascidos no Ferro. Qualquer um que a desafie, corre sério risco de perder a cabeça, literalmente e há quem diga que a mulher é extremamente cruel. Gosta dos prazeres mundanos, como comer, beber e obviamente sexo. Asha realmente se vê como uma guerreira e age como tal. É conhecida por não demonstrar medo e ser uma líder que facilmente inspira seus homens, seja através das palavras ou de suas atitudes. Sua liderança é incontestável e qualquer um que ouse desafia-la será punido com rigor para servir de exemplos para os outros. Possui uma boa relação com o irmão gêmeo e ambos compartilham do mesmo ponto de vista com relação ao futuro da casa.

Era uma noite tempestuosa e nefasta em Velha Wyk. Os raios rasgavam o céu e os trovões estremeciam a terra firme. O mar revolto estava turvo, com ondas violentas que se chocavam contra as rochas com fúria. Dentro da sede ancestral da família Drumm, a jovem de cabelos loiros se contorcia sobre os lençóis encharcados de suor e sangue. Apenas mais uma entre tantas dores que ela já havia sentindo e ainda sentiria. Mesmo em um momento como aquele, Tyanna sentia um grande paradoxo de sentimentos. Ao mesmo tempo que a felicidade materna começava a acalentar seu coração por trazer seu filho ao mundo, a tristeza e a raiva consumiam sua alma por dar vida ao fruto da violência que havia sofrido meses atrás. Ainda se lembrava da forma como fora levada de casa, da rispidez do senhor daquelas terras ao violenta-la. Estava marcado em sua alma e pele para todo o sempre, jamais seria capaz de esquecer. Primeiro veio o choro estrondoso e forte, uma menina que gritava desesperadamente pela vida. Em seguida um pouco mais sereno, veio o filho varão, forte e robusto como havia de se esperar. Asha e Volkner.

Longe de ser criada com as frivolidades das outras ladys, a jovem Asha desde criança conheceu o mar e seus perigos, aprendeu como a vida poderia ser dura e perigosa, aflorando nela semelhanças com a personalidade forte do pai. Algo que a mãe despreza com veemência, deixando-a cada vez de mais lado, principalmente ao notar que suas investidas em tornar a filha mais próxima a ela, falhavam miseravelmente. A loira sempre foi uma criança diferente, até mesmo de seus irmãos, com um temperamento mais agressivo e impetuoso. Sabia como ser ouvida, mesmo sendo uma criança ainda em terna idade, algo que intrigava o Lord Drumm desde cedo, já que seu filho varão parecia ter um comportamento muito mais semelhante ao da mãe ou pelo menos era o que Volkner transparecia na maior parte do tempo, por conveniência ou não.

Aquele era um lar totalmente desestruturado, algo que afetou muito na personalidade de todas as crianças que ali cresciam. No caso de Asha talvez tenha sido decisivo na formação de seu caráter, já que as suas referências eram de violência e abusos do pai para com a mãe. Desde criança ela soube que o pai havia sequestrado a mãe e a levado a força para Velha Wyk. Várias foram as vezes que observou ele agir com truculência com a mulher de corpo franzino e por mais que as portas estivessem fechadas, ela sabia que seu pai estava lá dentro violentando sua mãe. Razão pela qual, a mulher não pôde ter mais filhos após o nascimento da caçula. De alguma forma, a jovem Drumm achava tudo aquilo normal e indo contra a regra, a relação dela com o pai era até agradável, quase uma relação normal entre um pai e uma filha. Sempre nutriu imensurável carinho pelo irmão gêmeo e pelo mais novo também, contudo, em menor escala do que nutria por Volkner.

No décimo segundo dia de seu nome, Asha e o irmão ganharam suas primeiras espadas com lâminas reais e ambos sabiam como usa-las, muito bem por sinal. Apesar da aparência sempre apática da senhora daquele castelo, aquele era um dia de festa e de orgulho para Lorde Drumm, que em um jogo doentio, propôs que seus filhos se enfrentassem em um duelo de verdade. Contudo, a ideia não agradou nenhum pouco a loira, que simplesmente jogou a arma no chão e se recusou, dando as costas para o pai e os convidados. Obviamente, tal afronta custou a garota uma punição a altura, sendo açoitada pelo próprio Lorde, todavia, naquele dia ele foi capaz de ver nos olhos dela, o quanto era parecida com ele e por mais que as feridas rasgassem sua carne, seu espírito e sua força jamais seriam capazes de esmorecer. Logo sua filha, era a mais parecida com ele e talvez o futuro da casa estivesse com ela.

Enquanto crescia, a jovem se dedicava aos prazeres violentos, a navegação, a guerra. Seus esforços para conquistar seu lugar traziam orgulho, mas ao mesmo tempo preocupação, já que não era fácil ir contra as suas vontades e caprichos. Junto do irmão passou a acompanhar o pai pelos mares bravios de Westeros e até mesmo participar de atos de pirataria. Mas quando os devaneios começaram a tomar a mente de seu gêmeo, a companhia dele já não era mais tão constante, o que a deixava profundamente descontente. Enquanto pareciam trilhar caminhos diferentes, a garota se tornava mais forte e mais violenta, sendo temida por todos que a conheciam e atravessam seu caminho. Não havia limites para sua ambição e quanto mais reconhecida se tornava, mais Asha almejava e buscava prestígio, passando por cima do que fosse necessário para conseguir o que desejava.

A recente morte da mãe, porém, veio novamente abalar os três filhos, cada um à sua maneira e peculiaridades. A mais nova permanecia tentado ser um ponto de equilíbrio para os irmãos, enquanto Volkner entregou-se ainda mais aos seus devaneios sobre o Deus Afogado, o que por sua vez, uniu ódio e tristeza em Asha, que o voltou para a única culpada pela morte de sua mãe. A jovem que seu pai trouxera com esposa de sal. Contudo, a preocupação com o irmão gêmeo acabou fazendo com que ela não tivesse tempo de enfrentar a fonte de sua fúria e em contrapartida, fez com que ela percebesse que o amor e o carinho que sentia pelo irmão, ia muito além do que aquele que ela sentia pelo caçula. Guardou tal segredo para si, jamais se permitiria gozar de tal sentimento, não por ele ser seu irmão, mas por ter se tornado sua maior fraqueza e ela jamais se permitiria ter uma.

Depois do episódio, a relação com o pai se tornou um pouco mais difícil, afinal, ele não desejava depositar em Asha o título de herdeira tendo um filho varão, contudo, o Drumm sabia que aquele era um caminho que havia se traçado. As brigas não eram constantes e muitas vezes não passavam de comentários ácidos, era possível ver no homem um misto de orgulho e decepção, como se não soubesse por qual caminho seguir. Mas era algo além do seu controle e a cada nova dia, era a filha quem estava mais próxima a ele. Por seu lado, ela também não desejava estar ali, não desejava estar no lugar que era por direito do irmão, mas havia talvez uma única coisa boa dentro de si e isso era a vontade de proteger Volkner, afinal, ela sabia que a espada dele era capaz de hesitar por suas crenças, enquanto a dela se quer estremeceria.   

Volkner porém, veio com preságios de morte e sangue, o homem foi tomado por uma forte alucinação e um surto violento, alguns achavam que era apenas mais um porre já que a fama de bêbado corria por todas as Ilhas. Asha conhecia muito bem seu irmão para acreditar que tudo aquilo era simplesmente um porre e as profecias sobre seu pai lhe causavam arrepios. Dias depois, o corpo do Senhor de Velha Wyk chegou em seu castelo, totalmente desfigurado, violentamente ferido e até mesmo desmembrado. Nenhum pertence e nem mesmo a embarcação havia sido levado. Tudo havia acontecido exatamente como seu gêmeo havia contado. Com o estado mental delicado do irmão e sabendo que a credibilidade dele com tripulação era muito baixa, Asha se viu obrigada a liderar no lugar de Volk, pelo menos até que ele se recuperasse.