- Ele sofreu, Meistre? - Havia, eu, pouco mais de dezessete anos, quando meus dedos tateavam os traços envelhecidos e pálidos do, há pouco, Guardião do Leste; meu pai, Lorde Regulus Arryn. Ataque cardíaco. O obituário exalava tão forte o cheiro da tinta fresca quanto o cheiro pútrido da mentira que em si carregava. Um laudo forjado pelo próprio homem que jurara, diante de uma das constituições mais poderosas dos Sete Reinos, uma servidão íntegra ao seu lorde; Meistre Aemon, cuja lealdade, há anos, já não pertencia ao seu suserano, mas, sim, ao seu herdeiro; eu, Cygnus Arryn. De gêmeos, seu aclamado e tão amado filho homem que carregava consigo o seu legado. E, infelizmente, o homem que conspirara diretamente para com o seu último suspiro. Sim, eu, Cygnus Arryn, confesso-lhes o sucesso de meu atentado contra meu próprio pai. O homem responsável pelo recheio envenenado de seu desjejum naquela manhã tempestuosa no Ninho da Águia. Um pecado guardado à sete chaves por três cabeças; eu, Aemon e ela. Um segredo que ascendera e morrera naquela fortaleza, há centenas de metros de altitude.
Entretanto, jamais me daria o incômodo do remorso.
Somente os Sete haviam de saber de minha admiração por aquele homem. Lord Regulus governara o Vale de forma magnânima, seus avanços para com o Leste eram notáveis. Um Guardião rígido e autoritário, e, por incrível que pareça, não menos amado. Era o que lhe tornava o que era; um falcão de prata com garras de aço, dotado da liderança e a ambição do Pai, mesclado com o pensamento astuto, a perspicácia e a sensatez da Velha, capaz de persuadir e cativar aos seus pelo simples fato de coexistir com os mesmos. O pilar central que ostentava consigo o legado e o orgulho de um dos reinos mais sólidos de Westeros. E fora sobre esses moldes que o velho falcão baseara a tentativa falha da minha criação. Não por culpa dele, é claro. Afinal, eu viria a me tornar exatamente como o mais velho. Um tanto mais cínico, talvez.
Por infortúnio do destino, a benção que o presenteou com suas duas crias, fora também sua maldição. Lady Helena, minha mãe, sucumbira às consequências do parto, e Lorde Regulus, à perda da esposa. Com o tempo, seu pulso firme amolecera, a educação de suas crias fora largada às mãos de Lordes vassalos e servos específicos. Até mesmo sua forma de governo mudara, visto que sua doença o privava de presenciar e gerenciar boa parte do reino. Como herdeiro, assumi parte de sua soberania e atuei como o líder desta grande em casa, enquanto Lorde Regulus, enfermo, se entregava à insanidade. Por baixo dos panos, proferi ordens, eu os guiei, e eu à protegi, enquanto meu pai ladrava ordens inaudíveis. O ato derradeiro de seu fiasco fora a tentativa de forçar-me à um casamento arranjado. Inaceitável, por mais que os brilhantes olhos castanhos-esverdeados daquela morena me fitassem com tamanha admiração - e não fosse de meu total desinteresse, não nego. Taxei-a de tola por acreditar, por um momento que fosse, que um acordo daquele cunho daria certo.
Outra escolha inconveniente de meu pai. Esta, lhe renderia o último suspiro engasgado de vida.
Naquela mesma manhã de luto, deixei com que as septãs progredissem com seu velório e me retirei. Meus passos eram firmes, meus olhos, frios, resolutos. Para mim, pairava a ciência de que o patricídio fora um ato de misericórdia ao senhor meu pai, um ato necessário para o Vale e, principalmente, um ato de amor á ela. Dei-me de frente á grande porta que guardava os meus aposentos e encostei-me rente à entrada. Feixes de luz momentâneos eclodiam nos céus, a chuva era torrencial, o som, estarrecedor. Em minha cama, sedarias, peles e calor humano forravam o colchão de penas. Aproximei-me daquela silhueta esbelta enquanto de bruços e a vislumbrei quando seus olhos verdes vieram de encontro aos meus. Não havia luto, tristeza ou remorso, fosse em qualquer daqueles dois pares. Um sorriso dúbio estampara meu semblante. Meu corpo a envolvera por completo. Minhas mãos afastaram as madeixas louras enquanto meus lábios tocavam em sua nuca. Extasiada, eu a vi sorrir, reagindo à minha paixão. Eu a penetrei naquele dia funesto, como havia feito há tempos, e como tornaria a fazer posteriormente. Nossos destinos haviam sido traçados a partir do ventre de Lady Helena. Não era uma simples pretendente, não era uma prostituta, quiçá Allyria, minha jovem prometida. Ela era minha irmã. Ela era minha amante. |
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