A lua se erguia soberana no céu agora cor de cobalto, brilhando e reluzindo ante uma horda de estrelas submissas. O primogênito dos Stark, em algum campo, caminhava maltrapilho com ferimentos profundos duma peleja marcada pela lâmina de um saltimbanco pouco interessado em suas aventuras amorosas. Bronwen, o segundo filho, por sua vez montava num bode  rajado que roubara de algum fazendeiro das redondezas, mas estava muito bêbado pra se lembrar qual. Com a garrafa de hidromel numa mão e o chifre do ungulado na outra, ele mantinha as pernas juntas debaixo do tronco do bicho, garantindo que não voasse conforme ele se esperneava. Azar o dele. O animal investiu contra uma árvore e, antes que percebesse, Bronwen estava desacordado.

Um mês se passara desde que os dois pródigos rapazes tinham se dado mal por se aventurar. O Lorde Stark agonizava numa cama, sofrendo do mal venéreo que não era fruto de nada senão o adultério instituído com meretrizes por toda região. A níveis de  controle popular, estabeleceu-se que divulgariam a causa mortis como intoxicação alimentar, se na pior das hipóteses, ele falecesse. Como o destino faz por questionar tudo que é imposto ao senso comum, foi o seu primogênito quem abraçou o vazio primeiro, falecido duma gangrena gerada pelo ferimento. O pai morreu de tristeza e desgosto semanas depois. Sobrara apenas Bronwen, O Boêmio, viciado demais em apostas, mulheres, bebidas e pelejas pra se importar com Winterfell, ainda que por jus sanguinis se dissesse o contrário.

Teve de assumir o posto de Protetor do Norte aos dezenove anos, não que o quisesse. Deixou de lado a liberdade que tanto amava em prol do dever que sustentou a dinastia por gerações. Era agora Lorde de Winterfell, como nunca fez questão. Casou-se pouco depois e o fruto dessa relação rendeu a primeira filha que batizara de Irina Stark, sua herdeira.